quarta-feira, fevereiro 04, 2009

O Cão

quarta-feira, fevereiro 04, 2009
Havia acabado de tomar um pé da namorada, e logicamente, antes de ir pra casa procurar chumbinho no armário, passou no bar de costume pra tentar se afogar em um copo que parecia constantemente vazio.
Percebeu em um segundo momento, um pequeno cachorro sentado na calçada que parecia lhe encarar insistentemente.

Foi até o canino e lhe recitou estes versos enquanto apontava para a rua:

“Essa estrada é a mais estreita e curta que existe. Entre a ignorância e a razão, um passo a frente é verdade e um passo atrás é ilusão.
Nessa estrada, o coração parou, e voltou. Feliz por estar no começo da jornada, alheio à tristeza de conhecer o nada.
Nessa estrada eu corri, eu tropecei, eu caí, mas não percebi que quanto mais andava mais distante o horizonte ficava.
E sempre me perguntei. Se não escolhi caminhar, o que faço nessa estrada?”

O Cão respondeu:

“Não sei. Somos apenas os felizes escravos da ordem, contempladores da ignorância, amantes da ilusão que sem o beneficio da dúvida estamos à parte da tristeza de pensar. E de olhos fechados aproveitamos melhor o mundo que nos deram.”

Voltou ao bar, encarou o garçom e disse:
“Desce mais uma que eu ainda não estou bêbado!”
 
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