sexta-feira, setembro 17, 2010

Notas do Subterrâneo

sexta-feira, setembro 17, 2010
Esse post também foi publicado no Blog Testei pra Você.

Recentemente terminei de ler Notas do Subterrâneo de Dostoiévski. Sempre gostei da filosofia pessimista e do nó na cabeça que alguns pensamentos provocam e, se você também curte esse tipo de leitura, recomendo altamente devorar tudo de Dostoiévski que você encontrar pela frente. Em Notas do Subterrâneo o personagem nos acerta com um soco no estômago a cada virada de página, desfazendo nossas hipocrisias à medida que se confessa como um homem desprezível. Sem nunca dizer seu nome, e por isso nos identificamos com mais facilidade, o protagonista apenas se apresenta como um homem comum de classe média, com seus desejos e anseios criados pela burguesia russa do século XIX.


O livro se divide em duas partes, a primeira é onde o personagem faz de um diário pessoal seu confessionário, admitindo suas derrotas e nos revelando nossas próprias contradições, nos explicando, por exemplo, como prolongamos a dor optando pelo sofrimento e nos momentos de alegria, em vez de fazermos o mesmo, aceitamos a fugacidade do riso e nunca desdobramos uma gargalhada. Já na segunda parte, acompanhamos uma curta história de suas estranhas relações de amizade e seu caótico envolvimento com uma prostituta.

Não vou me estender mais para não estragar os momentos em que as ideias do personagem te surpreendem, mas posso adiantar que se trata da história de um ser tipicamente humano, ou seja, contraditório ao extremo. Uma criatura que só consegue crescer e viver plenamente no aprendizado do sofrimento, ao mesmo tempo em que tem medo da dor e do incômodo da realidade.
 
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