sexta-feira, novembro 04, 2011

Evento de Lançamento do livro Crônico!

sexta-feira, novembro 04, 2011
Pois bem Senhoras e Senhores, finalmente o Caos está saindo do mundo internêutico e invadindo as páginas dos livros.

Digo isso porque no sábado, dia 12/11 vai rolar o lançamento do livro Crônco! Uma coletânea de crônicas de autores anônimos e adivinhe só? Eu faço parte deste livro com um de meus textos. Portanto se você não tiver nada melhor pra fazer, como arrancar um dente ou ir ao proctologista, vai ser um prazer te ver por lá.

O evento vai ser no Espaço Multifoco (Av. Mem de Sá, 126 - Lapa), entre 18h e 21h. Sábado dia 12/11. E depois, é claro, sempre podemos bebemorar na Lapa.

Apareça! Afinal, o que mais você poderia fazer num sábado à noite? (ironia)
Segue aí o release do livro:
Editora Multifoco lança coletânea de crônicas ilustradas.



Com lançamento previsto para o dia 12 de novembro, a coletânea Crônico! (R$28, Ed. Multifoco, 100 páginas.), organizada pelos escritores Jana Lauxen e Beto Canales em parceria com a Editora Multifoco, reúne a nova safra de cronistas e ilustradores brasileiros.
São, ao total, 18 crônicas e 18 ilustrações, que reúnem o melhor de todo o material recebido durante a seletiva, que buscou, pelos quatro cantos deste Brasil, cronistas e ilustradores dispostos a colocar seus textos e ilustrações na avenida:
- Existem excelentes escritores e ilustradores em nosso país; infelizmente (e injustamente) em sua maioria ainda desconhecidos. Um dos principais objetivos da Editora Multifoco é encontrá-los e publicá-los. Uma forma de colocar leitores em contato com autores que, através dos meios de comunicação convencionais, nunca teriam a oportunidade de conhecer. – diz Jana Lauxen, uma das organizadoras da coletânea.
A obra conta com autores do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Pernambuco e Bahia, o que, segundo a organizadora da coletânea, só vem a somar no resultado final da obra, que considera pra lá de satisfatório.
- O Brasil é um país imenso, cheio de culturas diferentes e, naturalmente, de realidades e pontos de vista também diferentes. Reunir autores de diversos lugares do Brasil, cada qual com sua visão sobre situações completamente distintas entre si, trazem ao leitor um panorama atualizado da realidade brasileira. Além do que, é muito interessante descobrir o que pensam estes novos escritores que, de uma maneira ou de outra, também estão escrevendo hoje o futuro da literatura no Brasil.
Os textos que compõem a obra discorrem sobre os mais variados assuntos, indo desde literatura, Deus, galinhas, maconha e futebol, até festas, esperas, pêssego, vida e morte – todos retratados também por meio dos quatro ilustradores, que deram traço e forma aos textos que receberam.
O resultado desta miscelânea de autores, ilustrações, textos e temas poderá ser conferido a partir do dia 12 de novembro, data do lançamento da obra, que acontecerá no Rio de Janeiro, no Espaço Multifoco (Av. Mem de Sá, 126 - Lapa), entre 18h e 21h.
Quem não puder comparecer ao lançamento e tiver interesse em adquirir seu exemplar, é só entrar em contato com a editora Multifoco através do telefone 55 21 25071901, ou pelo e-mail jana.lauxen@hotmail.com.
Um livro que, sem dúvidas, sua estante merece guardar.

quinta-feira, agosto 25, 2011

Morte ao Clichê do Destino

quinta-feira, agosto 25, 2011
Antes de mais nada, preciso esclarecer que isto não é um texto. Talvez se encontre mais como um desabafo ou uma constatação. Chame como quiser. A questão é apenas uma: Eu odeio o clichê do destino.
Não entendo o porque de a maioria das pessoas adorarem a ideia de “tudo está escrito” ou “nada é por acaso”. Acredito que estas frases feitas sobre destino, estão muito mais ligadas à preguiça humana, que a qualquer força “sobrenatural” ou coisas do além. Afinal, é muito mais fácil esticar as pernas pro ar e acreditar que tudo está predestinado a acontecer, ao invés de correr atrás do que se quer.
Aliás, o que tem de tão especial nisso? Por exemplo, não gosto desse senso comum que existe por aí, de que não importa o que aconteça, duas pessoas podem estar destinadas a sempre se encontrar. É tão dificil assim de enxergar que, com tantos problemas e acasos permeando a nossa vida, as chances de duas pessoas estarem sempre cruzando seus caminhos são sempre as menores possiveis? E achar que o destino vai resolver isso pra você não é uma ilusão pior ainda? Desculpe, mas a verdade é que as chances contra compreendem facilmente os grãos de areia de uma praia.
Aí você vem me perguntar com aquela voz aguda e irritante: “Mas Seu Escritor do Caos, então como essas coisas acontecem?”
Fácil! Vontade. Desejo. Querer.
Gosto muito mais de acreditar que é o desejo que me governa. A vontade inexplicável de cruzar caminhos antigos é o que sempre me traz de volta. Seja para reencontrar pessoas ou situações, o querer de alguém pelo outro, ás vezes se torna tão forte que passa por cima de todas as barreiras e obstáculos que surgem em ambos os caminhos, e naturalmente eles se cruzam e recruzam.
Agora, com isso em mente, me responda: Escolher uma vida de reencontros em estradas antigas, guiado apenas pela vontade e ignorando todo o vento contra, não torna tudo muito mais especial e único do que se deixar levar pelo destino?
Se sua resposta for sim, mande um grande F***** para o “predeterminado” e deixe as vontades se encontrarem novamente. Fale apenas em nome do desejo. E da mesa do bar ou da esquina, das ruas da Lapa ou do apartamento em Copacabana, encha o peito e grite: MORTE AO CLICHÊ DO DESTINO!

terça-feira, maio 31, 2011

O Escritor de Guardanapos

terça-feira, maio 31, 2011

É sempre assim. Sinto como se estivesse me tornando um clichê de filme independente. Sempre que me decepciono e preciso esquecer alguém, me encontro aqui. Na mesma rua, no mesmo bar, pedindo essa mesma cerveja à este mesmo garçom, que a esta altura já me considera seu melhor cliente. Eu realmente venho muito aqui.

Além da cerveja de sempre, peço também alguns guardanapos extras. Veja bem, gosto de escrever, mas não sou muito bom com as palavras, então escrevo em guardanapos. O guardanapo é a metáfora perfeita das minhas desilusões: práticos e descartáveis. Além do tamanho exato de que preciso, pois como só consigo escrever duas ou três linhas, preencho todo o branco do papel. Geralmente são frases soltas, e aforismos que resumem a ultima “mulher da minha vida” ou o mais recente “dessa vez é ela”, que permeiam a minha cabeça. Tenho centenas desses guardados em casa, para talvez um dia, juntar tudo e escrever um livro. Tá bom, eu admito! Eu nunca vou escrever um livro.  Quem leria esse tipo de coisa?

Estava ali distraído, escrevendo meus desapontamentos e catando alguns guardanapos perdidos no bolso da jaqueta surrada quando ela apareceu. Nunca a vi naquele lugar, mas era linda. Cabelos negros, uma perfeita pele que não sei definir a cor e aquele olhar de quem vai te trucidar caso você seja estúpido suficiente para se apaixonar. É óbvio que me apaixonei na hora. Inesperadamente, ela me olhou por alguns segundos e veio em minha direção. Já estava me preparando para mostrar o relógio, pois uma mulher dessas só falaria comigo para perguntar as horas. Imagine minha surpresa quando ela se aproximou e perguntou o que eu estava escrevendo. Meio sem jeito, respondi:

- São só algumas anotações. Nada demais.

- Dor de cotovelo? Ela disse espiando o guardanapo por cima do meu ombro.

- É mais ou menos isso. Na verdade é sobre o meu ultimo desengano com as mulheres.

- O que aconteceu?

- Como diria Nietzsche, “Não foram as mentiras, mas sim o fato de não acreditar mais nelas que me perturbou”. Logo, a decepção foi inevitável.

- Entendi. Tá afim de mais uma? Sabe com dizem, o melhor amor é sempre o próximo.

Sem entender nada, mas curioso com as intenções dela perguntei:

- Como assim? Você quer ser minha próxima decepção?

- Exatamente! Encare-me apenas como uma mulher de altruísmo meio distorcido. Nós teríamos um caso de algumas semanas, intenso e inesquecível. Mas em pouco tempo eu terminaria tudo dizendo “o problema é comigo e não com você” ou “preciso de mais espaço”. E depois da decepção você voltaria para este bar, apenas com outro rosto para um mesmo problema, mas com certeza já terá esquecido aquela sobre quem escreve nesses guardanapos.

 Fiquei espantado com a sinceridade dela e tentei ir mais afundo na conversa:

- Então você quer que eu simplesmente te entregue meu coração em uma bandeja por algum tempo, só pra depois você enjoar e devolvê-lo?

- Você ainda não entendeu. Eu nunca vou devolver ele pra você. Nossa relação vai ser tão forte, que você vai viver comparando todas as mulheres que conhecer àquela falsa impressão do que tivemos um dia. Você nunca vai conseguir acreditar que alguma delas vai ser melhor que eu. E apenas quando estiver muito mal ou carente, vou te procurar, mantendo assim seu coração sempre comigo e te deixando basicamente com um vazio no peito.

Parecia que cada palavra cortava a minha garganta. Aquela mulher descreveu cada relacionamento que já tive em apenas alguns minutos. Comecei a me perguntar por que eu agia daquela maneira. Será que isso sempre foi parte de mim? Será que faço isso por algum prazer doentio? Será que valeu a pena?

De súbito ela me resgatou dos meus pensamentos dizendo:

- E então? O que acha de me levar em casa?

Vendo a malícia naqueles olhos, respondi com um sorriso meio cínico, e já chamando o garçom disse:

- Tudo bem! Mas antes vou precisar de mais alguns guardanapos.       

quinta-feira, março 03, 2011

Carta de um Louco (para o outro)

quinta-feira, março 03, 2011
Rabisquei essas idiotices no guardanapo do bar. Para mim mesmo.
Você já escreveu para si mesmo? Gostaria de ser um cara comum, que apenas fala sozinho como a maioria das pessoas, mas parece que o universo achou que seria divertido me dar uma esquisitice a mais (como se eu já não tivesse o suficiente). Então, tenho essa mania estranha de escrever para mim mesmo. 

Não é um diário. Não são notas para lembrar-me de algo. São discussões inteiras em que eu argumento comigo mesmo e contesto todas as minhas atitudes. Depois eu coloco o papel em um envelope, escrevo meu nome  no verso, endereço a mim, e fico em casa esperando a carta surgir debaixo da porta. É interessante, pois como os correios da cidade são de uma incompetência tremenda, às vezes as cartas levam semanas para chegar e então me percebo confrontando o “EU” do passado. As opiniões e achismos que eu tinha à apenas alguns dias já não são mais os mesmos, e percebo como continuo repetindo alguns erros e como consegui superar alguns problemas. 
Esse meu outro "EU", ou o meu "OUTRO", até me aconselha dentro destas cartas. Experimente fazer isso qualquer dia. Ou não.

Enfim, em mais um acesso desses, em outra noite no mesmo bar, esperando ela chegar apenas pelo prazer de olhá-la e imaginar como vai a sua vida, peguei a caneta e comecei meus delírios. Achei que seria interessante fazer em versos dessa vez. A última carta que escrevi para mim só tinham xingamentos e garranchos. Não gostei quando recebi. Pensei que se conseguisse rimar algumas frases poderia até escrever um poema. Seria bom receber um poema. Mesmo que fosse de mim mesmo. A coisa deu-se mais ou menos assim:

“Meu caro amigo,
entenda que ela não vê.
Você é apenas o que nunca pareceu ser.
Torça para quando ela voltar, que seja porque esqueceu quem a fez te esquecer.
Todos te avisaram, mas você foi o único que não se disse para desistir.
Agora talvez seja tarde para ser quem você não podia ouvir.
Seu erro sempre foi querer se convencer do que sentia
e não querer saber do que, de verdade, ainda possuía.
Não seja idiota. Não chore pelo o que nunca teve.
Apenas lamente o tempo que perdeu em querer mais um pouco de nada.
Não exija um outro amanhã de quem vive anos atrás.
Não peça um outro dia a quem não te quer mais.
Não esqueça que no sono dela, você a levou para casa, mas quantas vezes ela pediu pra você ficar?
Enquanto isso, no teu sonho, só se passa o que ela nunca pôde te dar.
Não seja idiota.

P.S: Não de novo.”

Quando terminei de escrever, percebi que ela já estava levantando-se da mesa e indo embora. Acho que pela primeira vez em meses não engasguei a minha vontade de falar. Essa vontade simplesmente não existia mais. Não quis impedi-la de sair pela porta. Não me importava mais. Li e reli varias vezes o que acabara de escrever. A carta que mais tarde iria me endereçar como destinatário.
Abri um sorriso e pensei: “Mal posso esperar para receber essa!”

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Porque Não Uso Mais Fones De Ouvido No Ônibus

quarta-feira, fevereiro 02, 2011
Decidi outro dia desses que não uso mais fones de ouvido no ônibus. Não só no ônibus, mas no metrô, trem ou qualquer outro coletivo desses que rodam por aí. A ideia é simples: você não tem noção das histórias que deixa de ouvir e pessoas que deixa de conversar apenas por estar usando fones de ouvido. Tomei essa nova resolução pra minha vida na ultima vez que encarei o transporte público e esqueci meus fones em casa. A história se deu mais ou menos assim:

Tive a infelicidade de cair em uma daquelas falhas da vida. Aquelas coincidências injustas, sabe? Ou seja, exatamente no seu primeiro dia de folga em meses de trabalho, sua mãe precisa daquele favor irrecusável. O pior é que se você ousar dizer que não pode, ou que está cansado, ela começa a reclamar de como te carregou nove meses na barriga, de como você era problemático e resolve usar toda a sua infância pra fazer chantagem emocional.

Depois da derrota contra minha progenitora (dica: quero ver TV e quero dormir até o meio-dia não são argumentos válidos nessas horas) aceitei minha missão: pegar aquele exame médico de rotina, na clinica mais esquecida por deus do outro lado da cidade. Infelizmente, só percebi que estava sem meus fones de ouvido pra me distrair durante a viagem quando entrei no coletivo, e me deparei com todas aquelas pessoas com “cara de ônibus” (já reparou que todo mundo tem a mesma cara dentro do ônibus? Aquela feição triste e cansada de quem olha pra janela e não vê a hora de chegar em casa, só para no outro dia começar tudo de novo? Então, essa cara.)

A viagem de ida foi perdida nos meus xingamentos próprios, imaginando o que estaria passando na tv àquela hora. Cheguei a clinica, peguei os exames e iniciei minha jornada de volta. Já no ônibus, sentei próximo a janela e comecei a observar. Atrás de mim haviam dois homens discutindo política e soltando algumas pérolas do tipo ”na época do Getúlio não era assim...” e mais a frente um adolescente fingia estar dormindo só para não dar lugar à velhinha em pé na frente dele. Até que ela surgiu! Ainda correndo para pegar o ônibus que já saía do ponto, ela entrou. Linda, morena e perfeita em seu uniforme de atendente de telemarketing. Lançou aquele leve olhar de “com licença” na minha direção e sentou-se ao meu lado. Eu não iria desperdiçar uma oportunidade daquelas. Uma mulher assim não aparece no mesmo ônibus que você todo dia, e afinal, sem os meus fones de ouvido não havia nada melhor pra fazer. Naquele momento comecei a pensar o que poderia dizer para puxar conversa e estupidamente soltei:

— Eu esqueci os meus fones de ouvido em casa hoje. (o que eu tinha na cabeça pra falar aquilo?)

— Hãn?

Percebi que ela não havia entendido nada e comecei a formular uma teoria de improviso:

— Já reparou que hoje em dia as pessoas quase não conversam mais dentro do ônibus? Elas só se preocupam com o seu próprio mundinho e resolvem se trancar nele através de um celular ou um mp3.

— É verdade! É uma pena, pois sempre se pode encontrar gente muito interessante dentro do ônibus.

Fiquei perplexo. Não é que ela realmente entendeu a minha teoria? Continuei a falar:

— Acho que as pessoas estão muito individualistas atualmente. Às vezes nosso próximo melhor amigo pode estar sentado ao nosso lado e nem nos damos conta.

— Ou nosso próximo namorado. Complementou ela, com um sorriso lindo no rosto.

A partir daí começamos a conversar sobre tudo. Trabalho, família, relacionamentos e tudo o mais. Ela reclamava do telemarketing e eu reclamava da minha mãe. Enquanto ela falava, viajava em meus próprios pensamentos (faço muito isso. Acho que sou meio autista). Fiquei imaginando como seria bom me envolver mais com aquela mulher, agradeci aos céus a sorte de estar naquele ônibus, divaguei sobre como seríamos felizes e qual seria o nome do nosso cachorro. Percebi então que estava diante da mulher dos meus sonhos.

Até que de súbito ela levantou e começou a se despedir:

— Tchauzinho! Bom te conhecer.

— Até mais! Foi um prazer te conhecer também. Respondi ainda sobre o efeito dos meus pensamentos.

Foi somente quando ela desceu e deu um ultimo aceno pela janela que percebi o quanto eu era idiota. Esqueci-me de perguntar o nome dela. Fiquei tão perdido nos meus devaneios estúpidos que nem trocamos telefones e agora nunca mais veria aquela atendente de telemarketing novamente. Em apenas alguns segundos ela se tornou a ex-futura mulher da minha vida e eu já começava a sentir saudades do meu ex-futuro cachorro.

Cheguei em casa arrasado, mas quando já começava a aceitar a perda daquela mulher. O telefone tocou. Era ela! Muito mais esperta que eu, ela viu os exames na minha mão, foi até a clinica e conseguiu o meu telefone. Quando atendi ouvi aquela voz maravilhosa dizendo:

— Você ainda esquece os fones de ouvido em casa?

O resto fica pra próxima...
     
 
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