segunda-feira, maio 04, 2009

Sou corno, mas sou foda

segunda-feira, maio 04, 2009

Foi então, que entre o papo sobre o futebol, e a primeira “última rodada”, resolvi durante um estranho acesso de bom humor contar esta história.

É uma daquelas histórias do estilo “aconteceu com um amigo de um amigo meu...”, que aparentemente não tem muito sentido, mas vale à pena ser contada pela moral (ou falta de uma) que transmite quando se termina de contar. Como sempre, tentei ser o mais imparcial possível, e se deu mais ou menos assim:

Fulano (não vejo necessidade de citar nomes) estava para se casar com Marcelinha (citarei apenas esse pelo prazer de difamar a pessoa). Fulano havia pedido Marcelinha em casamento da maneira mais romântica possível: durante uma reunião com todos os parentes e amigos na segunda melhor pizzaria da cidade, declamando os melhores clichês que conhecia e cantando sucessos dos anos 80 no Karaokê. Ela sem saber direito porque, disse o fatídico “Sim”.

Os sete meses e meio que se seguiram até o casamento foram tranquilos, os preparativos estavam indo bem e o pai da noiva, seguindo a tradição, iria bancar a festa (por favor, que o “bancar a festa” fique bem grafado. Depois perceberão por que.)

Fulano não era de ter ciúmes e amava Marcelinha incondicionalmente. Portanto, foi somente quando alguns amigos começaram a comentar, que ele percebeu que o chopinho de sexta de marcelinha com as amigas, havia se tornado o chopinho de sexta, sábado, domingo e todo o resto da semana.

Cismado com aquilo, e por sugestão de algum amigo intrometido (leia-se com tom de ironia), resolveu colocar um detetive atrás da própria noiva.

Mal sabia ele o erro que tinha cometido. Quando descobriu a verdade, se arrependeu por não ter deixado as suspeitas de lado e continuado a viver sua ignorância feliz. Marcelinha o estava traindo com um dos padrinhos do casamento. O detetive havia lhe trazido fotos de Marcelinha que comprovavam o adultério. Eram dezenas de fotos dos dois traidores nas mais diversas posições sexuais, algumas delas que fulano inúmeras vezes pediu pra sua noiva fazer, mas ela sempre se recusava (nem preciso dizer a quantidade de xingamentos e palavrões que lhe vieram à cabeça enquanto via as fotos).

O detetive viu aquele homem desolado, que pareciam ter lhe arrancado o coração, foi em sua direção e perguntou: “O que o senhor irá fazer agora?”

Fulano de súbito levantou-se da cadeira, pagou ao homem pelas fotos e saiu batendo a porta sem dizer nada. Ele havia acabado de ter a idéia mais brilhante de todos os tempos.

Finalmente chegou o dia do casamento.

Marcelinha estava muito contente, pois este seria um casamento de fazer inveja em todas as suas amigas desesperadas para pegar o buquê. Tudo estava perfeito: todas as flores estavam no lugar, todos os convidados já haviam chegado, a festa já estava pronta para depois do casório e até o momento ninguém havia acusado o padre de pedofilia.

Quem passava na porta da igreja percebia facilmente que aquele casamento entraria para a história do orçamento da família Souza, mas o pai da noiva insistia em dizer que cada centavo valera à pena. Estava orgulhoso em poder oferecer um casamento a altura de sua “princesinha” e um banquete para todos os 500 convidados (desculpe, mas eu sempre rio desta parte.)

A cerimônia foi perfeita. Fulano, durante os votos, foi comovente como só os bregas românticos sabem ser e as tiazonas da primeira fila seguraram bem o choro. Porém, o ponto alto da noite foi a festa depois do casamento, quando finalmente em seu tradicional discurso, o noivo fez-se ouvir assim:

- “Meus amigos, gostaria de agradecer a presença de todos. Estou muito feliz por estarem aqui. E para agradecer a todos que vieram me prestigiar neste dia tão importante da minha vida, tenho um presente para cada um de vocês.”

Neste momento ninguém entendeu nada, mas começava ali a vingança de Fulano.

- “Sim! Um presente que tenho certeza que irão gostar. Peço, por favor, que verifiquem em baixo de suas cadeiras, onde cada um encontrará um envelope.”

No verso do envelope constavam apenas cinco palavras simples que nunca se encaixaram tão perfeitamente em uma frase.

Ao abrir os envelopes, cada convidado pode ver dezenas de fotos da noiva sentada, de lado, de quatro e em posições que você nem imagina. Todos ficaram de boca aberta olhando para Marcelinha que não acreditava no que estava acontecendo. O salão de festas havia se transformado em um verdadeiro caos. A Mãe da noiva xingava a filha, enquanto tentava socorrer o marido que estava tendo um ataque do coração (qualquer um teria um enfarto fulminante ao lembrar de todo o dinheiro que gastou apenas para descobrir que a filha era uma vagabunda.). O padrinho cúmplice da traição fugiu na hora. Uma das tias da noiva morreu engasgada com um croquete de camarão ao ver o “tamanho” do escândalo nas fotos. As crianças choravam pensando nos anos de análise que teriam que fazer. O padre foi pego correndo para o banheiro com as fotos e algumas outras coisas na mão. Havia gente gritando e alguns até roubando os presentes do casamento. No meio disso tudo apenas um homem estava sorrindo e se divertindo: Fulano. Ele estava se deliciando com tudo aquilo e ficaria ali contemplando sua obra de arte por mais algum tempo.

Depois do acontecido e com o casamento anulado, fiquei sabendo que o pai de Marcelinha a deserdou e ela foi obrigada a morar com alguns parentes distantes (que não foram convidados para o casamento, obviamente.)

Fulano, pela ultima vez que ouvi falar, está feliz. Arrumou uma nova namorada e não pensa mais em se casar.

Ah! Ainda quer saber as cinco palavras que estavam no verso do envelope?

“SOU CORNO, MAS SOU FODA.”

 
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